quarta-feira, 22 de maio de 2013

Meu mundinho sou eu


Casa da Leitura - Largo da Ordem 
Casa da Leitura Dario Vellozo
  

Aparente tranquilidade. Pela janela, aquilo que antes fazia parte das minhas mais belas lembranças de infância revela-se pura aparência: há beleza, glamour, espaço, livros (que livros!), limpeza e organização. Até os jardins conservam-se com a exuberância de outrora. Porém, falta vida, profundidade, comprometimento; percebo uma total falta de preocupação com o outro, com aquele que anda bem ao lado, talvez um coitado... não sei, ninguém sabe e não quer saber porque não se importa.
Na agonia dessa reflexão, atravesso o vazio existencial do largo por onde tantas pessoas passam, transitam, mas não se preocupam e nem se cumprimentam.

Do outro lado, na tranquila e linda panificadora, há uma rica diversidade de pães e doces deliciosos. Peço um sonho e um café com leite. Sento-me. Outro cenário, outra visão. Daquele lugar, do outro lado, tudo agora parece diferente. Já esqueci, todos esquecem! Ninguém se lembra!

Penso: “Será que é assim que acontece então?” As pessoas, simplesmente, esquecem ou fingem não notar que há coisas acontecendo, pessoas vivendo ao seu redor.
É mais ou menos como quando passamos por um problema, por algo errado que nos atrapalha momentaneamente, como um procedimento errado de uma determinada empresa. Sabemos que está errado, sabemos que aquilo nos prejudica e prejudicará os outros, mas essa adversidade dura para nós, no nosso egoísmo, apenas o tempo em que demoramos em resolvê-la. Quando saímos do problema, sabemos que ele ficará lá e causará transtornos a outros, mas já não é “nosso” problema. “Os outros que se virem!” – dizemos.

Esse é o retrato da vida hodierna. Para os mais modernos: esse é o panorama atual. Nossa mesquinhez, nossa hipocrisia, nosso fecharmo-nos em nosso mundinho egoísta faz-nos esquecer do outro, faz-nos esquecer de que estamos nesse mundo não para simplesmente “passar” pelos caminhos e ignorar tudo o que nos cerca. Falta AMOR, fraternidade, atenção, gostar de pessoas, porque afinal somos todos irmãos e filhos do mesmo Pai celestial.
Você sabe, eu sei: ninguém realmente se importa comigo ou com você! Então por que haveria eu de pensar diferente? Ser diferente não é legal! Não agrada à maioria, aos anseios da “sociedade”. O resto é diversão e glória para mim, no meu “iMUNDinho” oculto e vazio, no meu EGOísmo.

Largo da Ordem, Curitiba – 21/05/2013

2 comentários:

  1. Amei a reflexão. Me sinto menos só no mundo ao saber que há alguém que ainda se incomode, mesmo que esse incômodo não dure todo o tempo que deveria, e que não traga consigo todas as soluções que gostaríamos.

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    1. Cara Renata,

      Talvez sejamos mesmo como disse o Prof. Raimundo Carrero** a respeito da literatura moderna: "O romance é sempre uma carta anônima que um louco escreve ao mundo no clímax da angústia existencial."
      Sinto-me esse louco, insano, num mundo que teima em ser como é. Insatisfeito com as coisas, mas não superior a nada. Simplesmente alguém que entende o que passaram tantos outros com sensibilidade para as coisas.
      Você é um tesouro de Deus: uma habilidosa poetisa, contista e cronista, com um esposo maravilhoso a quem admiro muito. Use suas mais lindas habilidades.
      Apesar de muito mais nova que eu, você me ensinou coisas magníficas e me falou do amor de Deus por mim. Sem talvez querer, com sua bondade, força e sabedoria, você foi uma das pessoas importantes na minha vida que plantaram ricas sementinhas em minha alma e que agora florescem em meio às dificuldades, às lutas, aos desafios e às vitórias.
      Obrigado por tudo e que Deus lhes dê cada vez mais SUCESSO, PAZ e FELICIDADES!




      **Sobre o escritor, recomendo a leitura do livro: "A preparação do escritor". Ed. Iluminuras, SP.

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