O dia começara tipicamente “mutável”: pela manhã, temperatura fria (13ºC), nevoeiro e céu acinzentado. No horário do
almoço, o sol apareceu e mostrou sua beleza, permitindo-nos sentir seu calor
maravilhoso. À tarde, depois de haver cumprido os compromissos do dia,
resolvi aproveitar o tempo bom: fui ao meu local de leitura e de estudos
predileto – o Museu do Olho.
Que beleza: poucas pessoas, tranquilidade, sol, clima
legal! Apanhei meus livros, escritos e anotações, coloquei o chapéu e,
calmamente atravessei a passarela até o banco de minha preferência, que tem uma linda vista
para o parque do museu.
Ao sentar-me, algo me incomodou: algum desavisado
da vida havia passado por ali e pisoteado o banco, deixando uma significativa
quantidade de barro bem no meio do assento. Resolvi não me mudar e ajustar-me à
situação, cuidando para não sujar os preciosos livros que trouxera; dentre
eles, o delicioso livro de Francine Prose (francesa): "Para ler como
escritor".
Ali me demorei a primeira hora, até o sol despedir-se
e dar lugar a um clima novamente frio – o que fez com que eu tivesse de dar
um pause em minha leitura e correr para o pipi room mais
próximo.
No caminho de volta ao banco, resolvi pedir a uma
senhora da limpeza ajuda para remover o barro daquele banco abençoado. Ela
concordou e me acompanhou ao local.
Ao chegarmos lá, havia uma moça de uns 20 anos, bem
vestida, com um livro escuro na mão, sobre o qual não consegui ter ideia do que
tratava. Gentilmente perguntei:
“Moça, com licença! Poderíamos passar um pano no
banco. Creio que você não percebeu, mas ele está cheio de barro, justamente
onde você está sentada.”
A cada dia, o louco que escreve essas linhas para
vocês fica mais certo de que há algo de errado na ordem das coisas: a reação
dela foi de total indiferença e, com uma certa superioridade típica
respondeu-me:
“Eu não me importo com isso! Isso não me incomoda!
Não ligo, sinceramente, se o banco está sujo ou não! Esse fato nunca me
atrapalhou para sentar aqui!”
Diante de tal educação, pedi desculpas e nos
retiramos para não atrapalhar a leitura daquela “princesa arabesca” e saímos
dali quase que correndo e um tanto envergonhados.
Confesso que me senti um verdadeiro E.T. – o próprio
lunático que pousou no gramado errado!
Na época em que vivi na Europa, lembro-me bem de que
as pessoas reiteradamente costumavam me advertir sobre os parisienses, dizendo
que eram como "limões azedos" de grossos e mal-educados.
Particularmente, nos 2,5 anos em que vivi por aqueles países europeus, nunca
recebi maus tratos ou tamanha falta de educação com a de hoje!
É verdade que ela não tem obrigação de pensar da mesma maneira que eu. Mas tem a obrigação humana de retribuir um
ato de solidariedade e de educação com gentileza e não com grosseria.
Mas é como dizem os franceses... “c'est la vie!”
(Essa é a vida!). Não é, gente?
Bem, com essa atitude “linda” da ocupante (ou
proprietária) do banco, parece que a temperatura caiu mais uns cinco graus e o
frio ficou bem mais cortante ainda! Fui...
Museu do Olho - Curitiba, 24/05/13.
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