sexta-feira, 24 de maio de 2013

Gentileza: melhor a que se põe à mesa!




O dia começara tipicamente “mutável”: pela manhã, temperatura fria (13ºC), nevoeiro e céu acinzentado. No horário do almoço, o sol apareceu e mostrou sua beleza, permitindo-nos sentir seu calor maravilhoso. À tarde, depois de haver cumprido os compromissos do dia, resolvi aproveitar o tempo bom: fui ao meu local de leitura e de estudos predileto – o Museu do Olho.
Que beleza: poucas pessoas, tranquilidade, sol, clima legal! Apanhei meus livros, escritos e anotações, coloquei o chapéu e, calmamente atravessei a passarela até o banco de minha preferência, que tem uma linda vista para o parque do museu.
Ao sentar-me, algo me incomodou: algum desavisado da vida havia passado por ali e pisoteado o banco, deixando uma significativa quantidade de barro bem no meio do assento. Resolvi não me mudar e ajustar-me à situação, cuidando para não sujar os preciosos livros que trouxera; dentre eles, o delicioso livro de Francine Prose (francesa): "Para ler como escritor".
Ali me demorei a primeira hora, até o sol despedir-se e dar lugar a um clima novamente frio – o que fez com que eu tivesse de dar um pause em minha leitura e correr para o pipi room mais próximo.
No caminho de volta ao banco, resolvi pedir a uma senhora da limpeza ajuda para remover o barro daquele banco abençoado. Ela concordou e me acompanhou ao local.
Ao chegarmos lá, havia uma moça de uns 20 anos, bem vestida, com um livro escuro na mão, sobre o qual não consegui ter ideia do que tratava. Gentilmente perguntei:
“Moça, com licença! Poderíamos passar um pano no banco. Creio que você não percebeu, mas ele está cheio de barro, justamente onde você está sentada.”
A cada dia, o louco que escreve essas linhas para vocês fica mais certo de que há algo de errado na ordem das coisas: a reação dela foi de total indiferença e, com uma certa superioridade típica respondeu-me:
“Eu não me importo com isso! Isso não me incomoda! Não ligo, sinceramente, se o banco está sujo ou não! Esse fato nunca me atrapalhou para sentar aqui!”
Diante de tal educação, pedi desculpas e nos retiramos para não atrapalhar a leitura daquela “princesa arabesca” e saímos dali quase que correndo e um tanto envergonhados.
Confesso que me senti um verdadeiro E.T. – o próprio lunático que pousou no gramado errado!
Na época em que vivi na Europa, lembro-me bem de que as pessoas reiteradamente costumavam me advertir sobre os parisienses, dizendo que eram como "limões azedos" de grossos e mal-educados. Particularmente, nos 2,5 anos em que vivi por aqueles países europeus, nunca recebi maus tratos ou tamanha falta de educação com a de hoje!

É verdade que ela não tem obrigação de pensar da mesma maneira que eu. Mas tem a obrigação humana de retribuir um ato de solidariedade e de educação com gentileza e não com grosseria.
Mas é como dizem os franceses... “c'est la vie!” (Essa é a vida!). Não é, gente?
Bem, com essa atitude “linda” da ocupante (ou proprietária) do banco, parece que a temperatura caiu mais uns cinco graus e o frio ficou bem mais cortante ainda! Fui...
Museu do Olho - Curitiba, 24/05/13.


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