quinta-feira, 23 de abril de 2015

E agora, Brasil gentil?



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Parafraseando Drummond...

E agora, Brasil?
a Copa acabou,
a Alemanha ganhou,
o dinheiro sumiu,
a torcida esfriou.

E agora, Brasil?
e agora, você?
você que é tão grande,
que brinca com os outros,
que faz tantos acordos
que vende bilhetes
e agora, Brasil?

Esta grande mulher
se perdeu no discurso,
está sem recurso,
já não pode dar de comer,
já não pode ensinar,
aprender ainda pode!

A estrada fechou,
o caminhão já não veio,
o emprego não veio,
o dinheiro levou,
não veio a alegria
e o poço secou
e tudo sumiu
na estrada,
tudo se estragou,
e agora, Brasil?

E agora, pátria mãe?
Seu poder da palavra,
sua jeitinho pra tudo,
e não resolve nada!
sua gula e malícia,
sua triste esperteza,
sua grande riqueza,
seu terno manchado,
seu ouro roubado,
seu egoísmo - e agora?

Com a chave na mão
quer entrar em casa,
não existe casa!
E no cemitério,
nem terreno lá tem!
Ir para a Petrobrás?
Já era, rapaz!
Brasil, e agora?

Se você gritasse,
se você protestasse,
se batesse no peito,
se você enxergasse
o horizonte escuro,
se você brigasse,
se você acordasse...
Mas você não acorda,
você está duro, Brasil!

Só,
no seu mundinho,
qual tatuzinho,
sem ânimo,
sem teto,
(ele caiu!)
sem carro mil
pra poder escapar,
você anda,
Brasil, para onde?


Adolfo Hickmann e Girlane Hickmann