sexta-feira, 18 de maio de 2012

Pela noite afora


E do dia fez-se a noite
E o que era claro virou brumas
A escuridão inundou tudo o que me cercava

Então percebi que ali sempre, em tudo, Deus reinava
Não me assustei: segui sereno, brando dissipando as nuvens
E, logo, o que me aguardava:

Um vasto campo, florido, belo e luminoso
Um abrigo do céu na terra, esplendoroso
Um refúgio salutar do meu não poder amar
Uma certeza de que tudo passa e passam também as dores

E em seus lugares nascem, novamente, maravilhosas, as mais belas flores,
Novos amores.

domingo, 6 de maio de 2012

Pássaro Cativo - um poema do Trovadorismo

Olá, pessoal!

Estive, recentemente, ministrando aulas sobre a Literatura Portuguesa, especificamente sobre o Trovadorismo. Ao explicar sobre os poemas de amor, nos quais o eu lírico é masculino e fala sobre uma senhora e suas qualidades, senti a necessidade de escrever algo para que os alunos percebessem suas carcterísticas principais. Então escrevi assim:


Pássaro cativo

Sei que por acudir os olhos teus

Não deleita mais o meu prazer

A distância o fardo dos orfeus

Me fazem nunca mais poder te ter.



E me vejo ave que sobeja ao peso da dor

Cansada, fatigada e triste na tempestade infinda

Pássaro ferido e cantador

Que canta teu encanto, tua cor, tua aura linda.



Ai de mim que teu perfume já não tenho

O roçar de tua branca pele já não sinto.

Esse cantar é por ti meu empenho.

O trovar em meio a tantos me fazer mais distinto.



E, minha senhora, meu rival é mais forte que o amor

Que a lealdade tua cumpre bem respeitá-lo

De tal proporção é minha dor.

Que, de joelhos, suplicante, este poema me faz terminá-lo.